quarta-feira, 30 de julho de 2025

A Sobrevivência da Individualidade à Luz do Idealismo Dissociativo


por André Luís N. Soares 

Se um dia me perguntarem qual é a minha posição sobre quem ou o que criou o mundo,
o que somos ou se algo em nós sobrevive à morte, responderei apenas:
leiam este material — nele estão as pistas mais profundas que posso oferecer.

APRESENTAÇÃO

O presente material representa uma visão de mundo em contínuo amadurecimento, elaborada a partir do idealismo proposto por Bernardo Kastrup — filósofo contemporâneo com formação em ciência da computação e doutorado em engenharia pela Universidade de Eindhoven (Holanda). Kastrup tem se destacado por sua crítica sistemática ao materialismo e por oferecer uma alternativa coerente e abrangente: o idealismo ontológico, segundo o qual a consciência é o fundamento de toda a realidade.

Este trabalho parte dessa perspectiva para examinar uma questão central e ancestral: a possibilidade da sobrevivência da individualidade após a morte biológica. Ao invés de recorrer a pressupostos dualistas ou místicos, a abordagem aqui adotada se ancora na estrutura conceitual do idealismo monista, que se mostra especialmente apta a integrar experiências anômalas, dados empíricos e argumentos filosóficos dentro de um arcabouço ontológico unificado.

Cabe ressaltar, no entanto, que o presente texto extrapola, em diversos momentos, as formulações originais de Kastrup, propondo interpretações alternativas e desdobramentos próprios. Um dos principais pontos de inflexão diz respeito à morte biológica. Embora Kastrup sustente, com coerência interna, que a morte corresponde ao encerramento da dissociação e à dissolução plena do alter — com a subsequente reabsorção de seus conteúdos pela Consciência Universal —, este trabalho explora uma hipótese distinta, porém compatível com o idealismo dissociativo: a hipótese da dissolução parcial do alter, segundo a qual o padrão dissociativo da individualidade pode persistir por algum tempo após a morte, em regime experiencial modulado.

Longe de apresentar conclusões definitivas, este material constitui um esforço filosófico em andamento — uma proposta de leitura sobre a natureza da realidade e da consciência, aberta ao diálogo e à revisão, à medida que novas reflexões e evidências forem incorporadas ao caminho investigativo. 

[acessar material]

Resumo do estado atual deste trabalho: o artigo parte da pergunta fundamental — o que é a consciência — para propor que ela não é um subproduto do cérebro, como sustentam as visões fisicalistas tradicionais, mas sim a base ontológica de toda a realidade. Em contraposição ao fisicalismo, o texto examina suas insuficiências conceituais e empíricas, questionando sua aptidão para explicar a existência da experiência subjetiva (os “qualia”) e a origem da própria realidade.

A proposta alternativa é fundamentada no monismo idealista de Bernardo Kastrup, segundo o qual toda a realidade é formada por modulações da Consciência Universal. Essa Consciência é entendida como um campo unificado de experiências, dentro do qual surgem os alters — estruturas dissociadas (como eu, você e todos os demais seres vivos) que experienciam o mundo de modo subjetivo. O artigo argumenta que essa ontologia é mais parcimoniosa, logicamente consistente e empiricamente adequada do que as explicações fisicalistas, inclusive no tocante a temas de cosmologia, biologia e física fundamental.

Avançando, o artigo analisa como a Consciência Universal pode auto-organizar padrões estáveis em sua mentação interna, oferecendo uma explicação idealista para fenômenos como o Big Bang, a evolução biológica, o surgimento da estrutura cósmica e a emergência de agentes conscientes (os alters). Esses alters são explorados em profundidade como centros dissociados de experiência, cuja formação, funcionamento e dissolução são fundamentais para compreender a subjetividade individual, os domínios fenomenais, a morte e os estados pós-morte.

Em seguida, o artigo adentra questões sobre a pluristratificação interna do alter, suas influências externas, a transição pós-morte, e o modo como experiências como mediunidade, reencarnação e aparições podem ser reinterpretadas fenomenologicamente no contexto do idealismo dissociativo. Destacam-se também as implicações da concepção de tempo e espaço como experiência subjetiva e os fenômenos psi como formas de comunicação inter-alter.

Com base nessas premissas, o texto propõe que o livre-arbítrio não é uma ilusão nem uma faculdade absoluta, mas uma capacidade progressiva e relacional de reorganização interna, que aumenta à medida que o alter se reconcilia com o campo unificado de Consciência. Essa reorganização envolve a redistribuição funcional entre camadas da personalidade, culminando em uma jornada ontológica marcada pela integração crescente com a Consciência Universal — sem anular a individualidade do alter.

Por fim, o artigo explora se os valores morais fundamentais são apenas construções evolutivas e contextuais — como sustenta o paradigma fisicalista — ou se podem ser compreendidos como formas arquetípicas reais que emergem espontaneamente da estrutura da Consciência Universal. Optando por esta última via, o texto argumenta que valores como compaixão, verdade, justiça e perdão funcionam como atratores simbólicos que guiam a reintegração do alter à Totalidade e dissolvem fragmentos regressivos e patológicos de sua subjetividade dissociada.

Próximos passos: tendo estabelecido os fundamentos conceituais da perspectiva idealista proposta, o próximo passo será investigar as evidências empíricas da dissolução parcial da estrutura dissociativa, isto é, fenômenos capazes de sugerir que a individualidade persiste após a cessação da atividade metabólica. Iniciaremos essa nova fase com a análise das experiências de quase-morte (EQMs), que oferecem um corpo robusto de relatos e estudos indicando não apenas a continuidade da consciência em condições cerebrais extremas, mas também transformações psíquicas e morais profundas que reforçam a plausibilidade do modelo idealista aqui defendido. Exploraremos com atenção essas experiências limítrofes, conectando-as à teoria da dissociação, à fenomenologia pós-morte e à jornada ontológica do alter.